Do UOL Notícias
Em São Paulo
Elas têm mais anos de estudo, se dividem entre o trabalho e os cuidados com a casa, ganham menos e trabalham mais. Este é o retrato das mulheres chefes de família traçado pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), por meio do cruzamento de dados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio) 2009, divulgados este ano pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
São mulheres solteiras, separadas ou viúvas que tem filhos, solteiras sem filhos, morando sozinhas, entre outras. Mas um perfil chama a atenção: o das mulheres casadas chefiando a família mesmo tendo um marido ou companheiro em casa, com ou sem filhos.
Nesse caso, segundo o Ipea, “o tradicional arranjo casal com filhos com um homem como ‘cabeça do casal’ passa a ser substituído por situações em que a mulher é tida como a pessoa de referência na casa”. Em 2009, 14,2% dos casais com ou sem filhos eram chefiados por mulheres.
O instituto não aponta um fator definitivo para que essas mulheres sejam reconhecidas como chefes da família, o que pode depender, inclusive, de qual membro da família respondeu à pesquisa. O instituto avalia, porém, a atual situação dessas mulheres em âmbito familiar.
Mais estudo, menos renda
A mulher de um casal sem filhos recebe, em média, 80% do salário dos homens. Entre os casais com filhos, a renda das mulheres chefes de família representa 73% da renda média de seus maridos. De qualquer modo, a mulher continua ganhando menos do que o homem.Perfil da chefe de família
em casais com filhos
40 a 49 anos |
Média de 8,3 anos de estudo |
Renda média R$ 958,21 |
59,1% possuem ocupação |
Média de 36,5 horas semanais de trabalho remunerado |
Média de 30,3 horas semanais nos afazeres domésticos |
O fator que mais influencia, embora não seja decisivo, é a ocupação. Homens estão mais inseridos no mercado de trabalho, assim como a maioria das chefes de família com filhos (59,1%) possui emprego. As mulheres que chefiam a casa têm níveis de ocupação significativamente mais elevados do que as mulheres em idade ativa, em geral (57,7% contra 51,5%). Elas também ocupam posições consideradas de melhor qualidade.
Como nossos pais
O aumento do número de chefes de família mulheres, no entanto, não implica em uma mudança nos valores familiares tradicionais. O trabalho doméstico não foi transferido para os homens, e elas têm de se dividir entre a jornada de trabalho e a doméstica. O resultado é a sobrecarga da mulher nessa configuração: a com a maior jornada de trabalho entre todos os perfis estudados.Jornada média total de trabalho por semana no Brasil - 2009 (em horas)
Em 2009, enquanto as mulheres responsáveis por famílias de casais com filhos dedicaram, em média, 30,3 horas por semana aos trabalhos domésticos, os homens na mesma posição gastaram 10,1 horas. Assim, as chefes, quando têm cônjuge, assumem de maneira mais aguda a jornada dupla. “Elas trabalham no mercado e aportam renda para a casa, mas também dedicam muito tempo aos cuidados com a casa e com os filhos. O resultado são jornadas totais de trabalho de impressionantes 66,8 horas por semana, em média.”
Segundo o Ipea, “a histórica determinação do lugar das mulheres na sociedade como assentado na reprodução biológica, com ênfase na maternidade e na realização de afazeres domésticos, definiu a esfera privada como o espaço feminino”.
Em contraponto, nas famílias em que o homem cria os filhos sozinho, ele gasta em afazeres domésticos em torno de 15 horas semanais, enquanto as mulheres gastam 25 horas. Isso pode significar, de acordo com o instituto, que “homens delegam as atividades a outras pessoas –os próprios filhos, se forem mais velhos, ou outras mulheres, empregadas domésticas ou mulheres da relação de parentesco, como mães e irmãs”.
“A grande responsabilização feminina pelos afazeres domésticos e a existência dessa divisão de tarefas tende a trazer prejuízos para todos os membros da família, especialmente quando se pensa na sobrecarga de trabalho cotidiano das mulheres e na ausência ou menor presença da figura paterna na educação das crianças”, conclui o Ipea.
Mara - avó do Victor, autista, 11 anos - Brasília/DF
Membro fundador do Movimento Orgulho Autista Brasil
Conselheira de Saúde do DF - Segmento Usuários - MOAB
Comissão de Saúde Mental do Conselho
http://marafg.multiply.com/ (2005)
http://queridovictor. weblogger.terra.com.br (2004)
Membro fundador do Movimento Orgulho Autista Brasil
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