Apresentação

O grupo de gênero se insere na discussão do poder de uma sociedade machista e ter um marco emancipatório para a participação política das mulheres, tendo-as como sujeito. Debatendo o cotidiano, as relações familiares e/ou privadas, às relações institucionais da economia, da política e da cultura e suas dimensões objetivas e subjetivas simultaneamente. Este GT reúne os pontos de cultura que atuam na perspectiva da emancipação feminina, na luta contra a opressão e a violência contra as mulheres e pela afirmação da igualdade de direitos e oportunidades entre homens e mulheres.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Ciclo porno feminista em Lisboa


2011-04-01

NUNO MIGUEL ROPIO

Os filmes pornográficos são vistos pelas feministas como um meio de opressão da mulher? Sim, para muitas. Mas outras há que vêem naquele tipo de exposição das práticas sexuais uma forma de resistência à pornografia tradicional. E é esta segunda perspectiva que motivou o primeiro ciclo de porno feminista, que arranca esta sexta-feira e decorre até 9 de Abril, no Centro de Artes Regueirão dos Anjos, em Lisboa.
"The black glove" (trad.: "A luva preta"), de Maria Beatty, realizadora que filma essencialmente a preto e branco e aqui usa e abusa de cenas de fetichismo, onde os pés têm lugar privilegiado, ou "Behind the green door" ( trad.:"Para lá da porta verde"), história de culto dos irmãos Mitchell, de meados da década de 70, sobre uma mulher que é sequestrada para um clube cuja porta é verde e onde tudo pode acontecer, principalmente orgias, são apenas duas das películas em destaque neste evento, que mereceu o nome de "Super Cona 3".
Todos as sessões, que arrancam esta sexta-feira às 21 horas, com o documentário "Inside deep throat" (trad.: "Por dentro do Garganta Funda"), sobre esse clássico da pornografia, contam com a análise de várias feministas. Dia 9 de Abril, o ciclo encerra com um jantar afrodisíaco.
A organização garante que na pornografia feminista estão representados "os órgãos que não funcionam para a norma heterossexual, os "defeitos", o que está fora do padrão e é descartado e invisibilizado pela norma sexual", como por exemplo mulheres barbudas ou pessoas com deficiência. "Estes "monstros" passam a ser sujeitos de enunciação e lugares de resistência ao ponto de vista "universal" do homem branco, heterossexual, de classe média", refere ainda, acrescentando que "este ciclo é um espaço para essas práticas marginalizadas, para essas performatividades alternativas e para construir novas formas de prazer-saber".
Segundo Salomé Coelho, investigadora em Estudos Feministas e a única que até agora abordou o tema em Portugal, no trabalho "Por um feminismo Queer: Beatriz Preciado e a pornografia como pré-textos", foi a jornalista feminista Ellen Willis que, em 1981, criticou um "discurso abolicionista" da pornografia, que era bandeira de luta para muitas feministas, no arranque da década de 1980, naquelas que ficaram "chunhadas como "guerras feministas do sexo"".
Com Willis inaugurou-se um feminismo "pró-sexo", tendo em conta que esta reivindicava que "a censura e a actuação do Estado sobre a pornografia é conferir e perpetuar o poder que aquele exerce sobre as representações da sexualidade", lê-se naquele trabalho.

Nenhum comentário:

Postar um comentário