O vídeo começou a correr hoje cedo no facebook, passível apenas de ser
compartilhado. Nele, durante cerca de 11 minutos, é possível ver uma
mulher negra deitada numa calçada, as pernas abertas, em visível
trabalho de parto. Um ou dois metros acima de sua cabeça está um portão
de ferro trabalhado. É a entrada do hospital de Santo Amaro da
Purificação, Bahia, fechado ao aos gritos de dor da quase menina de
sorriso doce que agora vemos acima, horas mais tarde. Aos pedaços, fui
descobrindo que o nome dela seria Daize, uma jovem quilombola de Kaonge.
Na foto do final de esperamos feliz, ela já tem nos braços Isabelle, a
menina que nasceu praticamente sozinha, como pode ser visto no vídeo
abaixo, nos braços de mulheres anônimas que foram se juntando e buscando
ser solidárias.
A Samu chegou quando Daize já confortava a menina junto ao peito, ainda
ligadas pelo cordão umbilical. A assepsia das luvas serviu para
cortá-lo, pegar Isabelle para os primeiros cuidados, passar a
parturiente para uma maca de remoção e, em seguida, para a ambulância.
O vídeo abaixo é uma edição curta de três minutos, mas que sintetiza
muitíssimo bem o que aconteceu na calçada quase em frente ao portão por
onde elas deveriam ter entrado e sido atendidas. Optei começar este
texto pelo final feliz e deixá-lo por último para preservar Daize, acima
de tudo. Porque esta história repugnante tem mais é que correr o País e
o mundo, mostrando a que ponto chegamos em termos de desumanização…
A carne mais barata do mercado não pode continuar a ser a carne negra/indígena, como gritou Elza Soares!
Vídeo abaixo:
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Postado por Emanuelle Goes no População Negra e Saúde em 4/17/2014 10:19:00 PM
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